– SôDalai, está com ar de mistério gozoso. O que é que lhe aconteceu, I wonder...
– SôZé, o meu clube está finalmente no lugar que lhe compete. Ao contrário do seu treinador.
– Qual meu treinador? O Sá Pinto?
– Não, SôZé, o seu dele. É uma gaita, um povo sem vós. A segunda pessoa e a terceira em confusão permanente. Parece um caso extraconjugal.
– O chamado caso possessivo. Coitados dos tradutores.
– Isso. E agora que a sexta venha ligeira. Em overdrive. Já vejo a Luz ao fundo do túnel.
– E pérolas?
– O Jesus. Até numa flash interview se esparrama em todo o seu esplendor.
– O chamado esplendor na relva.
– SôZé, sabe como eu odeio quando senhor diz piadas boas.
– Desculpe.
– Bom, pérolas então. O Jesus. Diz que o Benfica perdeu pontos em Coimbra porque não conseguiu «conquetrizar».
– Lindo. E mais alguma?
– Nada de especial. O clássico: «... o facto de não termos ganhado o jogo».
– Ah, essa eu também ouvi. Mas emendou logo a seguir.
– Devia ter o Orelhas a soprar-lhe ao ouvido.
– Hum... não sei... O Orelhas era mais capaz de o corrigir se ele tivesse dito «ganho».
– SôZé, já alguma vez lhe disse que odeio quando o senhor diz piadas boas no meu espaço?
– Desculpe. Eu que nem disse que a confusão entre a segunda e a terceira parece uma caixa de carro italiano. Ou os arrufos da Guilherma com a Pinheira. Ou a tolerância de ponto do Carnaval.
– Arranje o seu espaço, que diabo. Como o Steven Colbert e o Jon Stewart.
– SôDalai, sabe que eu não era nada sem si.
– Paneleirices não, SôZé.
– Desculpe.