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terça-feira, 7 de janeiro de 2014

SôZé


– Então, SôDalai, e o que é que achou das exéquias do Eusébio?
– Muito bom. Se não à altura do Rei, pelo menos à altura do povo. Com direito a Pérolas e tudo.
– A sério? Conte, conte!

– Repórter de imagem na Segunda Circular a reportar faixas de circulação interditas à circulação na ponte pendonal.
– Pendonal? Muito bom. No fundo, uma ponte suspensa para peões. Mas suspensa é que ele não está, até está a avançar estranhamente depressa.
– É o Lóbi de Telheiras.
– Engraçada, a expressão «faixas interditas». Faz lembrar as perspectivas de o Benfica ganhar o Campeonato. Olhe lá, e o que é que achou das ideias do Orelhas para homenagear o Eusébio?
– Gostei de todas. O homem deve ter passado a noite em claro, porque hoje acordei com ele a dar ideias luminosas para homenagear o Pantera Negra.
– Por exemplo?
– Propôs um ano de luto, com os jogadores a usar fumos. Xipça, eu nem sabia o que eram fumos.
– Se calhar eram fumos mesmo. Tá a ver, fumos, dos outros.
– Ah, isso explicava muita coisa. Mas olhe lá, o homem fez-me disparar a imaginação.
– Não se esqueça do que vai dizer. Eu também tenho uma Pérola para si. Um daqueles guineenses apeados no aeroporto. Perguntam-lhe a opinião, e ele, vum: «Na minha imaginação pessoal…»
– Lindo. Mas estava eu a dizer, o Orelhas fez-me disparar a imaginação. E tenho uma série de ideias para homenagear o Quingue.
– Chute,
– Então aqui vai. Uma. O Orelhas tatua «Eusébio» nas bochechas. Duas. Durante um ano, as crianças que nascerem em Portugal têm de se chamar «Eusébio», incluindo as meninas. Três. O Djizaz fica obrigado a um ano de silêncio. Quatro. Eusébio é feito Marechal. Cinco. O Canal 2 da RTP passa a ter uma emissão única 24/24 de uma Webcam sobre a campa do Eusébio. Seis. No Estádio da Luz, que muda de nome para Eusébio, passa a haver uma pira permanente cuidada por virgens vestais presidida pela Dra. Assunção Esteves. Seis. Nas escolas, no sítio onde dantes havia o crucifixo, passa a haver uma foto do Eusébio. Sete. O vermelho passa a ser a cor oficial do luto. Oito. O Porto, o Sporting e a Académica são irradiados do Campeonato para o Benfica ter hipóteses de homenagear o Rei ganhando. Nono. António José Seguro imolado pelo fogo. Décimo. Portugal muda de nome para Eusébio e recusa-se a pagar a dívida invocando a necessidade de financiar a erecção de um novo Panteão Nacional onde O Rei possa jazer sozinho. Que lhe parecem estas medidas?
– Comedidas. Parecem-me uma bela homenagem à modéstia do Eusébio.
– Viva o Eusébio, SôZé.
– Viva o Eusébio, SôDalai. E que caia uma onda gigante que lave o Orelhas e os outros como ele todos daqui para fora.

– Isso.