– O que é que acha disto, SôDalai?
– É assim,
SôZé. O século XXI será do marketing, ou não será.
– Pós de pós-modernismo
pós aleitores?
– Se quiser.
– Quero, pois.
Mas já o século transacto era fértil no marketing verbal.
– Claro, SôZé –
toda a serpente nasce dum ovo, excepto as víboras.
– As víboras
não nascem dum ovo?
– Claro que
não, SôZé. As víboras há milhares delas, não cabem num único ovo. Nem que seja
um ovo classe A. As víboras nascem de milhares de ovos diferentes.
– Nunca tinha
pensado nisso. Ficava aquilo cheio que nem um ovo.
– Nem mais.
Por isso se diz que as víboras são ovovivíperas.
– Mas então,
SôZé, estava a falar-me do marketing do século XX. Algum exemplo?
– Já de
seguida. Mas olhe que eu não sou o SôZé, SôZé. O SôZé é o SôZé, SôZé.
– Tem toda a
razão, desculpe, SôDalai. Então e o exemplozinho? É a propósito da promessa de
300 000 computadores até segunda-feira?
–
Precisamente. É um slogan de Eanes, não sei de candidatura em 76, se de
recandidatura em 80.
– Chute, SôZé,
perdão, SôDalai.
– Muitos
prometem, Eanes compra.
– Sei. Mais
alguma coisa, SôDalai?
– Não, só
parabéns ao DalaiMano.
– Serão
entregues.