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segunda-feira, 4 de setembro de 2023

SôZé

 

- Vinte anos, SôDalai. Já?

- O tempo é como o prazo das prescrições, SôZé, passa a correr.

- Como é que isto tudo começou?

- Julgo que foi uma vontade irreprimível que senti de exprimir aquilo que me ia...

- Não, a sério.

- Ah, OK. Foi com o apuramento para o Europeu, com o Scolari.

- Dizem que foi talvez o maior falhanço do Dalai, não ter impedido as duas derrotas com a Grécia, a última na final.

- Não me acicute, SôZé.

- Desculpe. E três livros publicados...

- O primeiro apresentado pelo meu Dalaitor mais ilustre e saudoso, o Professor Barbosa de Melo...

- Que saudades. Grandes conversas, grande inspiração. 

- Gigante. A única pessoa que não se riu de mim quando lhe dei o original do primeiro livro a ver se ele queria fazer o prefácio.

- A sério?

- Não, por acaso ainda se riu bastante.

- Depois o António Lobo Xavier...

- O terceiro livro, sim. Noite memorável no Museu do Fado. Sem esquecer outro Grã-Guru, o P. Vasco Pinto de Magalhães, em Serralves.

- E o grande Barbosa de Melo filho no Laboratório Chimico em Coimbra, a dar outro sentido aos anos que lá passei a ouvir falar de colunas de destilação.

- Fora os outros grandes Dalaitores, até ao mais pequeno, que fazem jus ao lema de que é muito difícil entrar na DalaiLista, mas mais difícil ainda sair. 

- No início ainda houve uns amigos do Quimpê, benfiquistas, que pediram para sair, é verdade, num daqueles festivais de fustigação do Dalai? 

- Já não me lembro, SôZé. Há muita coisa de que eu já não me lembro, Sô... Sô...

- Zé.

- Isso.

- Dê cá mais vinte.

- Choca, meu.