– SôDalai, diz que tem uma Pérola de Luxo.
– De luxo, nem menos, SôZé. Quer ouvir?
– Estou em pulgas!
– Então aqui há atrasado, na sexta-feira, mais precisamente, quando estávamos todos à espera de que os juízes do Constitucional viessem do cabeleireiro, há um repórter de uma rádio cujo nome prefiro omitir, por carinho pela rádio, que especulava sobre o número de páginas que teria o acórdão.
– Estou a ouvir.
– Então o raciocínio seguia cosi: há um ano, x artigos em análise, 20 páginas; este ano, y artigos, 200 páginas. Tunga, taméim le diçe, vai buscar, toma lá e embrulha, quem fala assim não é gago.
– Isso é, tipo, lindo.
– Calma, SôZé, que ainda falta a punch line.
– Ai ainda não acabou?
– Não. O homem remata explicando para os ignaros, que nem Santo António às trutas: «É a regra dos três símbolos.»
– (…)
– SôZé, não diz nada? Está a sentir-se bem?
– Nunca me senti tão bem em toda a minha vida, SôDalai.
– E pensar que anda tudo à procura do Iéti, e do Pé-Grande, e do Sasquatch, e nós com tudo aqui!
– É um país abençoado por Deus.
– É um país abençoado por Deus, SôZé.
– A gente não sabe dar valor.
– Não sabe, não.